Vocação Lassalista
Todos/as somos chamados/as. Responda ao Senhor, o Deus da Vida, nosso único absoluto. Para refletir pessoalmente, trabalhar em grupos de jovens, ou ler em família.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
sábado, 6 de setembro de 2014
Caminemos en su presencia
quinta-feira, 13 de março de 2014
quarta-feira, 12 de março de 2014
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Maria Santíssima e nossa Consagração Religiosa
O texto abaixo é a tradução, feita pelo Irmão Arnaldo Mário Hillebrand, de uma mensagem do nosso Superior Geral Irmão Álvaro Rodríguez Echeverría a Religiosos e Religiosas (Ele foi o presidente da USG - União dos Superiores Gerais, durante vários anos). No dia 16 de agosto, domingo, comemora-se a solenidade da Assunção de Maria Santíssima, o mais novo dogma proclamado pela Igreja. É também o Dia dos Religiosos e das Religiosas, no mês das Vocações. Acreditamos que esse artigo possa servir para reflexões de todos que acreditam que Deus nos chama à vida e nos dá uma vocação.
Maria, mulher do povo, simples e humilde, vive sua consagração a Deus atenta à realidade, próxima a seu povo. João Paulo II, aos religiosos e religiosas, expressou isto assim, em Caracas: “Na Virgem do Magnificat há duas maravilhosas fidelidades... Uma fidelidade a Deus e ao projeto de amor misericordioso dEle, e uma fidelidade ao povo de Deus. Sede vós, também, fiéis a Deus e a seu projeto. E sede fiéis ao povo de Deus!” (Caracas, 28 de janeiro de 1985). Nós somos convidados para isto!
Maria Santíssima em nossa vida espiritual
Ela nos faz descobrir o valor, muitas vezes esquecido, do feminino. Maria aparece, sobretudo, como sacramento da ternura maternal de Deus.
Nossa sociedade está padecendo de uma mudança de centro de gravidade. De uma sociedade baseada no predomínio do masculino e da racionalidade, se está passando para uma sociedade centralizada na pessoa e no equilíbrio de suas qualidades.
Nossa fé concentrou em Maria a plena realização do feminino. Em Maria, o feminino aparece como caminho para Deus e revelação de Deus, porque, como afirmava João Paulo I: “Deus é Pai, mas sobretudo é Mãe”.
Por isso podemos dizer que as raízes do feminino se perdem em Deus, e Maria é a revelação, o sacramento, a antecipação escatológica de tal mistério de ternura. Aproximar-nos de Maria é conhecer melhor o ser de Deus.
O feminino nos faz ver o ser humano em outros termos. Até agora o mundo esteve mais fortemente marcado pelo masculino, a racionalidade, a força, a eficácia. Hoje estamos vivenciando os resultados desta maneira de ver. Neste contexto aparece o feminino como possibilidade de outra óptica marcada por relacionamentos mais fraternais, de mais ternura e solidariedade, mais contemplativos e em comunhão com a terra. A “Conferência de Pequim” (1) pôs em destaque muitos destes valores e, alguns dias antes, o Papa João Paulo II, afirmara que são os homens, e não as mulheres, aqueles que decretaram e realizaram as guerras, e, na alocução do “Ângelus” deu mostras de estar admirado pelo enorme enriquecimento de que a Igreja usufruirá quando a mulher puder desenvolver nela suas potencialidades.
Mas, Maria Santíssima não apenas se revela como ideal da mulher, mas de todo ser humano. Porque se Maria é a Mãe Puríssima, a Mãe Amável, a Rosa Mística, a Estrela da Manhã (qualidades femininas), Ela é também a Torre de Davi, o Espelho da Justiça, (atribuições masculinas).
Em segundo lugar, Maria é o ideal do ser humano: convite para vivenciar e redescobrir o valor do feminino em nossa pessoa e em nossa cultura. Nosso santo Fundador pessoalmente nos convida a isto, quando nos pede que unamos à firmeza do pai a ternura da mãe. E este aspecto simbólico não deve fazer que percamos o lado histórico de Maria, porque Ela também foi uma aldeã, a esposa do carpinteiro José, a virgem mãe do também carpinteiro Jesus, a mulher atenta às necessidades dos outros, a mulher forte ao pé da cruz, a mãe jubilosa do Ressuscitado, a companheira dos apóstolos no Pentecostes.
Neste sentido, no Documento de Santo Domingo é asseverado: “Maria, a mulher solícita ante a necessidade surgida nas bodas de Caná, é modelo e figura da Igreja em face de toda e qualquer forma de necessidade humana (cf. Jo 2,3ss). Como a Maria, Jesus recomenda à Igreja que se preocupe pelo cuidado maternal da humanidade, sobretudo daqueles que sofrem” (cf. Jo 19,26-27).
Por isso, Maria é também a esperança do povo. Esperança e causa de sua alegria. Seguindo neste ponto o Irmão Noé Zevallos, podemos dizer que, em Maria, nos é possível encontrar tudo aquilo que desejamos ser. Queremos ser pessoas, livres, construir um mundo isento de egoísmos, estar do lado dos pobres e inspirar-lhes esperança. Maria realizou tudo isto integrando as tensões mais dolorosas e os conflitos com sua visão clara da Vontade de Deus. O Papa Paulo VI escreveu:
“Para o homem contemporâneo, - não raro atormentado entre a angústia e a esperança, prostrado mesmo pela sensação das próprias limitações e assaltado por aspirações sem limites, perturbado na mente e dividido em seu coração, com o espírito suspenso perante o enigma da morte, oprimido pela solidão e, simultaneamente, a tender para a comunhão, presa da náusea e do tédio, a bem-aventurada Virgem Maria contemplada no enquadramento das vicissitudes evangélicas em que interveio e na realidade que já alcançou na Cidade de Deus, proporciona-lhe uma visão serenadora e uma palavra tranquilizante: a da vitória da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a perturbação da alegria e da beleza sobre o tédio e a náusea, das perspectivas eternas sobre as temporais e, enfim, da vida sobre a morte” (Marialis cultus, 57).
E, se Maria acompanhou Jesus nas alegrias (Caná), sem esquecer as expressões populares de fazer festa e recrear-se, também o acompanhou ao pé da cruz, depois de quase todos terem fugido. “Junto à cruz, Maria representa a dor da humanidade. Diz o profeta: Tua dor é profunda como o mar. - A pessoa que vive na dor, que participa dessa herança cruel da humanidade, encontra na Virgem Maria um modelo operativo para suportar a aflição e não sucumbir em face da angústia... E, nessa sexta-feira santa da humanidade, Maria ao pé da cruz, esperando contra toda esperança, representa a imensa e inesgotável confiança dos pobres” (Irmão Noé Zevallos).
O “Sim” de Maria e nossa Consagração
e dar-lhe graças por todas as suas liberalidades.
Já então, consagrou-se totalmente a Ele,
para não viver, nem ter no resto de seus dias,
vida nem movimento, que não fossem do agrado dEle.
Humilhou-se profundamente no íntimo de sua alma,
reconhecendo que tudo o que nela se operava era devido a Deus.
Admirava em seu interior o que Deus operara nEla,
e dizia a si própria, o que depois publicou em seu
Cântico: Deus fez em mim maravilhas!
Olhando para dentro de si, e contemplando Deus morando ali,
maravilhada pela profusão com que o Criador
se havia derramado em sua criatura,
aceitou e se convenceu de que tudo nela
devia prestar tributo, honra e glória a Deus...
Se a Virgem Maria recebeu tal abundância de graças,
foi para que tornasse partícipes delas
todos os homens que recorrem à sua proteção...”
(Med. 163,3 – parafraseada pelo Irmão Noé Zevallos)
O santo Fundador, a partir de Maria, também nos sugere outra maneira de vivenciarmos nossa consagração: estar abertos à Palavra, para poder comunicá-la aos outros, e assim sermos tabernáculos do Verbo de Deus, sacramentos de sua presença, assim como foi Maria:
Maria, esperança do povo, dá-nos um coração sensível à dor e à pobreza; às necessidades das crianças, dos adolescentes e dos jovens que educamos. Ensina-nos a ler sinceramente o Evangelho de Jesus e traduzi-lo em vivência, no espírito radical das bem-aventuranças, e no risco total daquele amor que sabe dar a vida por aqueles a quem ama.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Luz
- Mestre, por que tantos insetos rodeiam a luzinha com tanto desespero, por que alguns até caem mortos no chão e outros vão embora, por quê...?
O bondoso mestre, com a calma característica dos sábios, respondeu, vagarosamente:
- Meu filho, qualquer ser vivo sente necessidade da luz, por pequena que seja, ela traz calor, traz paz e traz a sensação de segurança. Assim são os pequenos insetos em volta da lamparina. Todos querem usufruir da mesma luz, do mesmo calor. Entretanto, como bem sabemos, existem aqueles que se contentam apenas com a luz próxima, pois sabem que não suportariam a intensidade se chegassem muito perto. Estes usufruem da luz e do calor, na distância ideal, e suprem suas necessidades de maneira equilibrada. Outros existem que não suportam a distância e querem tocar a luz, pois acreditam que apenas tocando a luz é que poderão senti-la e usufruir do seu poder. Estes acabam por ferir-se e até morrem diante da intensidade de calor que os atinge, por não estarem preparados para suportá-lo. Por fim, existem aqueles que acreditam que a luz é fraca demais para suas necessidades, e preferem afastar-se dela. Agora, meu filho, imagine que esta luz seja Deus e que os insetos sejam os seres humanos, em qual categoria você se colocaria?
- Acho que entre os que ficam à distância, para usufruir a presença de Deus.
- Muito bem pensado, Deus, apesar de ter se revelado em Jesus Cristo, ainda, está longe do nosso conhecimento, por isso, devemos apenas usufruir da sua luz e calor, já que Ele nos oferece suas bênçãos gratuitamente.
E adormeceram os dois, iluminados pela pequena lamparina. Que Deus ilumine seu caminho.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
A serviço do Reino, Vem e Segue-me!
Ao recebermos o maior dom do Deus da vida, nós o recebemos para que se torne reflexo do amor infinito que Ele tem para com cada um em particular e pela humanidade como um todo. Este dom, o dom da vida, o recebemos pela bondade do Criador, que no-lo concedeu para sermos felizes e para que nos realizemos como seres únicos e ao mesmo tempo seres solidários. Portanto, é um dom que não podemos guardar de forma egoísta para nós mesmos, somos convocados(as) a nos transcender em busca do Único Absoluto – Autor de todo chamado vocacional. O dom da vocação precisa ser bem cuidado, cultivado com carinho e partilhado de forma solidária e fraterna.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
À ternura de Maria
Tu és, Maria, a experiência mais bela do Evangelho.
Meu coração se alegra ante tua presença luminosa;
Eras jovem, Maria, quando revolucionastes a história;
Teu coração disse: Como poderá ser isto? Como?
Obrigado, Maria, por teu coração bom e disponível.
Aqui me tens, em busca de um caminho livre, um caminho de fé.
Glória a ti, Maria, casa onde Deus mora!
Glória a ti, Maria, Mãe de Cristo e minha Mãe!
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Ilhas ou Arquipélagos!?!
A partir daí formaremos um maravilhoso arquipélago, através do qual poderemos reconhecer e dar a conhecer a magnitude da revelação divina. A ilha revela parte da beleza criada pelo Único Absoluto. Já o arquipélago vai nos mostrar aquilo que não caberia numa ilha isolada. Por isto, construamos pontes com os demais para contribuir na obra da criação e da revelação do Único Absoluto.
(Texto: Ir. Paulo Petry, fsc - Foto: Ir. Roque Amorim, fsc)
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Que a Vida nos leve
"Deixa a vida me levar.
Vida leva eu!
Sou feliz e agradeço
por tudo que Deus me deu"
Canta: Zeca Pagodinho
Diferentes personagens bíblicos e da história da humanidade poderiam fazer coro com Zeca Pagodinho, quando canta o refrão acima. Ouvindo assim de primeira, alguns poderiam afirmar que o autor desta música parece ser alguém muito passivo, acomodado, esperando que a vida o leve, que tudo aconteça sem envolvimento ou compromisso da parte dele. Contudo, podemos contestar esta afirmação, se lermos com atenção e sob ओutra perspectiva.
Transparece neste pequeno refrão uma grande riqueza, se o nosso filtro for a obediência ao Senhor da Vida e a busca da vontade de Deus em nossa vida. Acreditando que Ele chama a cada um de nós para viver intensamente, testemunhar sua presença no mundo e proclamar o valor maior que nos concedeu - a vida - , é até natural dizer que a vida deve nos levar. Acreditando nas palavras de Jesus Cristo "eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6), outra vez devemos dizer: deixa a Vida me levar. Contudo não é qualquer vida que deve nos levar. A vida que nos há de levar seja aquela desejada, defendida e assumida por nosso Salvador: "eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância" (Jo 10,10). Assim, já não podemos dizer que ser levado pela vida seja uma atitude passiva. Querer, como Nosso Senhor a quis, a vida em abundância, é envolver-se na defesa da vida, é cuidar dela com carinho, é buscar condições para que ela possa se manifestar fartamente, em abundância.
Como vocacionados respondemos ao Deus da Vida, e por isso, junto com o refrão "deixa a vida me levar" aceitamos os desafios e os compromissos inerentes ao seguimento de Jesus Cristo. Ele, o Filho amado, em tudo fez a vontade do Pai. Ele, a Vida plena, deixou-se levar pela vontade do autor da vida. Ele, justamente por ser obediente ao Pai, a todo momento mostrava seu envolvimento com os que se aproximavam dele em busca de mais vida. Ele, deixando-se levar pela vida, curou os doentes, devolveu a vista aos cegos, entrou em contato com pecadores e outros desprezados pela humanidade. Acolheu com carinho as crianças, defendeu o estrangeiro e a viúva. Em sua proposta de Reino acolheu todos os seres humanos de boa vontade. Com seu jeito simples, através de gestos, palavras e ações, Jesus louvava o Deus da Vida, e agradecia por tudo o que em sua bondade infinita lhe concedia: "Eu te louvo ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pequeninos" (Mt 11,25).
Deixa a vida me levar... Como vocacionados, devemos todo dia colocar-nos nesta disposição, de deixar-nos levar pela Vida, pelo autor da vida, pelo Deus da vida. A cada amanhecer, nossa primeira oração deve voltar-se a Ele para dizer-lhe que o nosso pensar e agir daquele novo dia será consoante com a vontade dele. Nosso primeiro gesto, junto com a oração inicial do novo dia, há de ser então a abertura de coração para compreender sua santa vontade e desta forma melhor responder ao seu chamado. Buscando, pois constantemente a vontade de Deus a nosso respeito, deixando que Ele conduza nosso viver, certamente nossos compromissos diários revelarão ao mundo um pouco mais do rosto divino. Uma vez conscientes da presença de Deus, conscientes de que Ele leva e conduz a nossa vida, saberemos também que já não podemos esperar passivamente as coisas acontecerem. Saberemos que na busca da vontade do Deus da Vida teremos que arregaçar as mangas, comprometer-nos com Ele, isto é, colocar-nos ao seu dispor servindo o próximo.
O serviço ao próximo que somos chamados a assumir como vocação não é o mesmo para todos. Contudo, alguns de nós seguimos Jesus Cristo dentro de uma comunidade, na qual convivemos com pessoas que têm um mesmo ideal, um mesmo carisma e que são inspirados por um gesto, uma atitude ou alguma palavra do Senhor da Vida. Assim temos comunidades religiosas fundadas no decorrer da história para atender determinadas necessidades do ser humano. Comunidades religiosas fundadas para revelar o rosto de Cristo nesta ou naquela realidade. Destacamos aqui o nome de apenas três mulheres e de três homens que, deixando-se inspirar pelo Espírito Santo, fundaram congregações e ordens religiosas para testemunhar os valores do Reino de Deus na História da Igreja e da humanidade. Assim temos: Santa Maria Domingos Mazarello - Fundadora da Congregação Filhas de Maria Auxiliadora; Santa Luiza de Marillac - Co-fundadora da Congregação Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo; Santa Beatriz da Silva - Fundadora das Irmãs Clarissas Concepcionistas; São Domingos de Gusmão - Fundador da Ordem dos Pregadores (Domingos); São Leonardo Murialdo - Fundador da Congregação de São José (Josefinos); São João Batista de La Salle - Fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs (Lassalistas).
A Vida Religiosa, através destes Santos e Santas e de muitos outros, revelou e revela traços do rosto de Deus. Através da vida em comunidade, religiosas e religiosos, seguindo as orientações de seus fundadores, procuram revelar o Deus comunhão, o Deus uno e trino - Pai, Filho e Espírito Santo - a perfeita comunidade. Os religiosos e religiosas, testemunhando em comunidade os valores do reino, seguem Jesus Cristo em sua missão, seja ela no campo da saúde, da comunicação social, da educação, seja ela na catequese, na evangelização, ou através de outros tantos serviços pastorais que ajudam a fazer deste mundo um pedaço do céu. Todos estes santos fundadores, estas santas fundadoras de famílias religiosas, certamente buscaram em suas vidas fazer a vontade de Deus. Certamente, em algum momento de seu viver, puderam igualmente cantar o refrão com o qual iniciamos esta reflexão: "Deixa a vida me levar". Todos eles, e todos os santos e santas de Deus (mesmo aqueles e aquelas que não são oficialmente reconhecidos pela Igreja como tal, mas que deixaram suas vidas serem orientadas pelo autor da vida, o Deus da Vida) a Ele rendem graças por toda eternidade. Quem sabe, num coro celestial, reforçado por todos nós que deixamos nossa vida ser levada por Deus, estão a cantar: "Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu".
E Ele nos deu o mundo no qual vivemos, ele nos deu os irmãos e irmãs com os quais convivemos, Ele nos deu a vida, Ele nos deu a vocação. Sejamos dignos destes maravilhosos presentes que Deus nos concedeu. Deixemos nossa vida ser levada por Ele, de modo particular pelas luzes do seu divino Espírito. Façamos como Abraão, nosso pai na fé, que deixando sua terra seguiu rumo à terra prometida, seguiu rumo ao desconhecido, porque o Senhor lhe prometera estar com ele. Abraão recebeu o chamado, respondeu com total confiança e foi abundantemente abençoado (cf. Gn 12,1-9). Abraão lançou-se a caminho, deixou-se levar, entregou sua vida nas mãos de Javé. Abraão é mais um que, se cantor fosse, poderia repetir o refrão "deixa a vida me levar". Entregue nas mãos do Pai, ele foi feliz, foi confiante, foi fiel até o fim, deixou a Vida conduzi-lo.
Concluímos esta nossa reflexão invocando aquela que soube entregar-se sem reservas, sem temor e com total liberdade ao Deus da Vida: Maria. Ao dar o seu Sim a Deus, ao dizer "Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38), ela deixava de lado preocupações com o futuro, deixava de lado as seguranças do passado, e num gesto de total disponibilidade entregava-se a Deus. Também ela poderia reforçar o coro neste momento e cantar: "deixa a Vida me levar". De fato, ela deixou sua vida ser levada por Deus. Deixou-se conduzir pelo Espírito, totalmente entregue àquele que dela nasceria. A Vida, que dela nasceu, é a vida que redimiu o mundo, é a vida que venceu a morte, é vida que faz a nossa ter sentido. Por isto repetimos: "deixa a Vida me levar". Façamos a nossa parte. Entreguemo-nos nas mãos do Deus da Vida, como o fez Maria nossa mãe, para que tal como sucedeu com ela também em nós, através de nós e por nós o autor da vida possa realizar grandes maravilhas. É claro, voltamos a repetir insistentemente, tudo isto só será possível se nos entregarmos sem restrição a Ele. Em outras palavras, significa fazer a santa vontade de Deus, lá onde Ele nos enviar: no mundo da educação, da ação social, da comunicação, da saúde, da evangelização, ou outro campo qualquer em que a ação fraterna e solidária seja uma urgência. Os diferentes campos de ação são justamente o que diferenciam as diversas Congregações e Ordens Religiosas. O que as une e identifica é a fraternidade, a vida em comunidade, o apego e o amor ao Deus da Vida. E isto já o proclamava no Antigo Testamento o Salmista "Vosso amor vale mais do que a vida, isto é, se nos deixarmos levar pelo amor radical ao Senhor, sem dúvida, a nossa vida vai ter pleno sentido porque estrá agarrada a Ele" (cf. Sl 63[62] 4,9). Este deixar a Vida nos levar, implica ação, implica compromisso com o próximo, implica entregar a nossa vida sem reservas, sem temor, com total disponibilidade, com muita confiança, com uma fé madura. Respondendo ao chamado de Deus desta forma, diremos a tantos outros: "deixa a Vida te levar". Assim já não seremos apenas um coro a cantar, mas formaremos uma bela sinfonia, alegre, harmoniosa e infinita que proclamará por todo o universo: "Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me fez"!